quarta-feira, 15 de abril de 2009

2 meses

sem grandes coincidências
o destino arbitrou
e o coração acatou

sexta-feira, 3 de abril de 2009

e é só assim

quando o corpo é só corpo

quando a rotina leva todo o sentido

que se percebe que há de haver espaço

vazio, pra se ser completo

há que haver espaço pra poesia

inspiração, melodia

há de haver espaço pro erro

há de haver erro

não se vive sem coração

sem pôr-do-sol, uma canção

que faça o mundo de novo

azul, verde, roxo

aqueles braços, aquelas mãos

que levam da rotina todo o sentido

e fazem o mundo de novo

mais sorriso, mais colorido, mais amor

reinventar a vida

what a wonderful world!

então o vazio é preenchido

errar nem é tão dolorido

e finalmente viver tem sentido

viver

sentindo.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Notícias da última hora:

Profissional eficiente e universitária dedicada assassinam aspirante a escritora.

Tranqüilidade é furtada em plena luz do dia.

Cansaço lesiona gravemente inspiração.

 

Classificados:

Compro horas extras pros meus dias. Pago bem.

 

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

meia-noite-inteira

calada da noite que nada

minha noite fala pelos cotovelos

meia-noite é pouco

metade inteira, se é cedo

tarda, mas é tarde que de fato existo

me pinto, me canto, me verso

e descubro-me

ao avesso.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Perfeccionismo

Defeitozinho ambíguo

Qualidade ao avesso

Dessas manias que enchem o saco

Perfeito pra quê?

Se é o defeito o bonito do ser

O ser diferente

 

No entanto eu (ou não)

Insisto em me melhorar

 

O canto? Mais afinado

Aparência? Mais bem cuidada

Aprender a cozinhar

Cultura? Podia ler mais

Fazer alguma coisa, mudar o mundo!

Um ideal. Ideal!

 

Mas segue a minha história incompleta

Completamente imperfeita

 

Nada sai como eu queria.

 

E até nesses versinhos

Faltou mais poesia.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Meus desejinhos de Natal

Natal é aquela época em que ficamos todos – ou quase todos – envolvidos pelo tão esperado espírito natalino! Votos de felicidade, gestos de generosidade, uma certa comoção geral. Acho que é por isso que gosto tanto dessa data! Além de significar que eu vou finalmente me reunir com a grande maioria das pessoas que eu mais amo – minha família –, realmente parece haver um espírito de bondade solto por aí!

E nessa época do ano sempre faço um balanço, uma verdadeira faxina de pensamentos, sentimentos e atitudes! E de cada ano sobra o melhor, aquilo que nunca sai de moda, nem fica velho! O que não presta: lixo!

Então, se eu pudesse contribuir um pouquinho com o ano novo de cada um, de 2008 deixei no meu armário o “bem”!

Deixa eu me explicar. Fazer o bem, cultivar coisas boas! 2008 me ensinou que a recompensa sempre vem pra quem merece. Confesso que já me senti mais boba que os outros, é verdade. Algumas pessoas se aproveitam, sim, da bondade alheia. Mas não é nada. Confie na verdade. Ser do bem, verdadeiro, desejar às outras pessoas o bem que deseja pra si, atrai tantas boas energias quanto possível. Aparentemente os mais “espertos” servem-se melhor da vida. Mas não. No final há a justiça maior que coloca tudo no devido lugar.

Use o bem em 2009!

Deseje o bem a você e aos outros.

Comprometa-se com a verdade.

Seja leal às pessoas.

Preencha-se de bons sentimentos.

Exale boas energias e elas voltarão.

E lembrando o grande poeta, não adianta “acreditar que por decreto da esperança a partir de janeiro as coisas mudem”, faça o seu ano novo. Hoje, amanhã... 1º de janeiro é realmente sugestivo. Faça quando quiser, mas faça, sem medo de recomeçar!

Um lindo ano! Com muitos sorrisos, muita música e muita poesia!

Aliás, falando em poesia e nO poeta, pra terminar/começar muito bem:

Receita de Ano Novo

Para você ganhar belíssimo Ano Novo cor de arco-íris, ou da cor da sua paz, Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido (mal vivido ou talvez sem sentido) para você ganhar um ano não apenas pintado de novo, remendado às carreiras, mas novo nas sementinhas do vir-a-ser, novo  até no coração das coisas menos percebidas (a começar pelo seu interior) novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota, mas com ele se come, se passeia, se ama, se compreende, se trabalha, você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita, não precisa expedir nem receber mensagens (planta recebe mensagens? passa telegramas?). Não precisa fazer lista de boas intenções para arquivá-las na gaveta. Não precisa chorar de arrependido pelas besteiras consumadas nem parvamente acreditar que por decreto da esperança a partir de janeiro as coisas mudem e seja tudo claridade, recompensa, justiça entre os homens e as nações, liberdade com cheiro e gosto de pão matinal, direitos respeitados, começando pelo direito augusto de viver. Para ganhar um ano-novo que mereça este nome, você, meu caro, tem de merecê-lo, tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil, mas tente, experimente, consciente. É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre.

Carlos Drummond de Andrade

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Eu, lírica - Parte II

me beija, me beija

nada mais importa

o medo

a culpa

abre logo a porta!

 

entra, fica

me beija

pára, pára!

que foi agora?

nada, nada

deixa eu lembrar da sorte

do mundo lá fora

e da vida o norte

que me trouxe aqui

 

me beija, beija

fica só comigo agora

que sei bem que lá fora

nada é mesmo assim

 

eu sua

eu nua

despida de senso, valor

me tira o norte, esquece da sorte

me beija

acorda, amor!

 

que é que houve?

quem é que me trouxe?

esquece, me beija!

não me lembro do norte

que falta de sorte

abre logo a porta!

esquece, amor!

 

o que importa, agora?

nada, nada

me beija

me deixa

me deixa partir

 

sem poesia, sem ele

na rua

eu sua, eu nua

sem ter pr’onde ir