quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Meus desejinhos de Natal

Natal é aquela época em que ficamos todos – ou quase todos – envolvidos pelo tão esperado espírito natalino! Votos de felicidade, gestos de generosidade, uma certa comoção geral. Acho que é por isso que gosto tanto dessa data! Além de significar que eu vou finalmente me reunir com a grande maioria das pessoas que eu mais amo – minha família –, realmente parece haver um espírito de bondade solto por aí!

E nessa época do ano sempre faço um balanço, uma verdadeira faxina de pensamentos, sentimentos e atitudes! E de cada ano sobra o melhor, aquilo que nunca sai de moda, nem fica velho! O que não presta: lixo!

Então, se eu pudesse contribuir um pouquinho com o ano novo de cada um, de 2008 deixei no meu armário o “bem”!

Deixa eu me explicar. Fazer o bem, cultivar coisas boas! 2008 me ensinou que a recompensa sempre vem pra quem merece. Confesso que já me senti mais boba que os outros, é verdade. Algumas pessoas se aproveitam, sim, da bondade alheia. Mas não é nada. Confie na verdade. Ser do bem, verdadeiro, desejar às outras pessoas o bem que deseja pra si, atrai tantas boas energias quanto possível. Aparentemente os mais “espertos” servem-se melhor da vida. Mas não. No final há a justiça maior que coloca tudo no devido lugar.

Use o bem em 2009!

Deseje o bem a você e aos outros.

Comprometa-se com a verdade.

Seja leal às pessoas.

Preencha-se de bons sentimentos.

Exale boas energias e elas voltarão.

E lembrando o grande poeta, não adianta “acreditar que por decreto da esperança a partir de janeiro as coisas mudem”, faça o seu ano novo. Hoje, amanhã... 1º de janeiro é realmente sugestivo. Faça quando quiser, mas faça, sem medo de recomeçar!

Um lindo ano! Com muitos sorrisos, muita música e muita poesia!

Aliás, falando em poesia e nO poeta, pra terminar/começar muito bem:

Receita de Ano Novo

Para você ganhar belíssimo Ano Novo cor de arco-íris, ou da cor da sua paz, Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido (mal vivido ou talvez sem sentido) para você ganhar um ano não apenas pintado de novo, remendado às carreiras, mas novo nas sementinhas do vir-a-ser, novo  até no coração das coisas menos percebidas (a começar pelo seu interior) novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota, mas com ele se come, se passeia, se ama, se compreende, se trabalha, você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita, não precisa expedir nem receber mensagens (planta recebe mensagens? passa telegramas?). Não precisa fazer lista de boas intenções para arquivá-las na gaveta. Não precisa chorar de arrependido pelas besteiras consumadas nem parvamente acreditar que por decreto da esperança a partir de janeiro as coisas mudem e seja tudo claridade, recompensa, justiça entre os homens e as nações, liberdade com cheiro e gosto de pão matinal, direitos respeitados, começando pelo direito augusto de viver. Para ganhar um ano-novo que mereça este nome, você, meu caro, tem de merecê-lo, tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil, mas tente, experimente, consciente. É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre.

Carlos Drummond de Andrade

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Eu, lírica - Parte II

me beija, me beija

nada mais importa

o medo

a culpa

abre logo a porta!

 

entra, fica

me beija

pára, pára!

que foi agora?

nada, nada

deixa eu lembrar da sorte

do mundo lá fora

e da vida o norte

que me trouxe aqui

 

me beija, beija

fica só comigo agora

que sei bem que lá fora

nada é mesmo assim

 

eu sua

eu nua

despida de senso, valor

me tira o norte, esquece da sorte

me beija

acorda, amor!

 

que é que houve?

quem é que me trouxe?

esquece, me beija!

não me lembro do norte

que falta de sorte

abre logo a porta!

esquece, amor!

 

o que importa, agora?

nada, nada

me beija

me deixa

me deixa partir

 

sem poesia, sem ele

na rua

eu sua, eu nua

sem ter pr’onde ir

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Eu, lírica - Parte I

Eu, ele, a poesia, a rua

Poesia, ele, eu, eu nua

Ele, poesia, eu, eu sua

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Vicky Cristina Barcelona e o amor

Provocada pelo tema do filme de Cristina em Vicky Cristina Barcelona, sobre o porquê da dificuldade em definir o amor, resolvi escrever. Não que o assunto seja inédito, Camões já me havia feito ter essa mesma reflexão com “é um não sei quê, que nasce não sei onde, vem não sei como e dói não sei porquê.”, sendo, na minha humilde opinião, a perfeita definição do indefinível.

Bom, se Camões não foi capaz de definir o amor, paro por aqui nas tentativas. Então comecei a pensar em o que eu penso do amor. Foi quando me dei conta de que eu mesma já dei ao amor muitos significados diferentes, e que estes variavam, quase que invariavelmente, de acordo com o tempo. Vamos pular a parte de dizer que há amor de amigo, de mãe, pai, filho, cachorro, etc. Preciso mesmo saber mais do amor entre homem e mulher, é esse que me intriga – pra não dizer que irrita.

Enfim, lembrando das minhas próprias experiências, houve o tempo em que pra mim, o amor nascia e morria pelo beijo. Achava que naquele juntar de bocas e corpos ficava todo o sentimento que diziam ser o tal do amor. Pensando assim, como pensava, realmente amei meu primeiro namoradinho, da escola.

Algum tempo depois, descobri algo um pouco maior. Foi o tempo em que o amor era a posse, ter alguém, e ser de alguém. E se uma das duas partes não cumprisse o ‘contrato’, ou seja, se se desse ao ‘luxo’ de ser de outro, ainda que por um momento breve, o contrato era extinto e acabava o amor.

Mais pra frente então, descobri a inadimplência (!), e vi logo que o amor não dependia muito do tal contrato e muito menos do seu cumprimento... a afirmação do compromisso era mera formalidade desse sentimento nada solene.

Depois disso descobri formas mais fugazes de amor. E descobri mesmo, que o amor depende de cada qual, que assim como a dor, o amor é de quem sente. E mais ainda, descobri que o tal compromisso, era nada perto do sentimento. Afinal, podia-se contratar, comprometer-se com um, e sentir o tal do amor com outro? Que droga de sentimento é esse, então?

Em tempos de revolta (que vão e voltam) pensei que o amor não existia. Mera criação de românticos e sonhadores poetas que só fazia sentir mal, por não sentir o amor, o tal (rimei em homenagem aos poetas!).

Aí pensei (e dessa vez achei que tinha encontrado o que procurava) que o amor só existe se for recíproco. Pra ser sincera, salvo algumas falhas das quais falarei já já, essa teoria era das boas, e ainda gosto dela. Afinal, o amor é feito de dois, e se um não sentir como o outro, o amor é mera paixão não-correspondida, qualquer outro sentimento que tenha qualquer outro nome, mas não amor.

Um belo dia, descobri algo muito interessante! O famoso amor à primeira vista! Que sensação! Apesar do quê, não posso jogar fora aqui todo o tempo despendido em pensamentos sobre o amor! Se era à primeira vista, se não havia sequer troca de palavras, um toque, não poderia ser amor! Mas qualquer que seja o nome disso, só sei de uma coisa, é incrível! E um olhar pode dizer muito. Talvez o olhar não seja mesmo capaz de amar, mas que ele pode muito bem começar tudo, ah, isso pode!

Foi então que experimentei o que acho ser o mais próximo da idéia de amor que me ensinaram por aí (se é que isso se ensina). Até hoje faltam-me palavras pra dizer do que foi. Algo muito próximo de um conto de fadas, é como eu gosto de chamar. Então percebi que no amor (esse que eu sentia) tinha também companheirismo, paixão, cuidado, segurança, respeito, admiração e altruísmo, entre outros. Seria então o amor um complexo de sentimentos? Complexo! É, talvez seja por isso que é tão difícil de encontrar, afinal, se falta algum dos muitos sentimentos partes do amor, deixa de ser amor, certo? Essa também não é das piores.

Aí esse amor, complexo e completo, passou de conto de fadas a filme triste, pois não pôde ser. Foi quando descobri que o amor não move montanhas! Muito bonita a metáfora, mas as montanhas de verdade? Não move, não! Lembrei-me agora que no filme que incitou toda essa falação, em algum momento, alguém diz que “amor romântico é o não realizado”. É, vá lá.

Descobri também que o amor muda! Agora mais essa! Sentimentozinho atrevido! Muda sim... pode diminuir, aumentar... passar de amor de amigo pra amor de homem-mulher, e vice-versa (sendo as duas mudanças bem comuns, pelo que pude observar). E pode até mudar devido à perda de um daqueles elementos... pode perder a paixão, e continuar como carinho e respeito! Então talvez não precise de todos os elementos... ou precise deles todos pra ser amor dos bons. Agora inventei até níveis diferentes de amor... o que também não está de todo errado! Existe mesmo amores diferentes em quantidade e qualidade... ai, que canseira!

Depois disso passei de novo pela fase do amor inventado, depois a do amor recíproco mais uma vez.

E falando no amor recíproco, vem aí a falha de uma das minhas melhores teorias: um dia senti algo que chamei de amor, e, pro meu desespero, não era recíproco! Se bem que a minha tese pode ser bem verdade, porque posso chamar de outro nome o que senti, e então validaria minha teoria. Mas eu chamei de amor!

A partir disso chego então hoje à conclusão (provavelmente temporária), e da qual já vinha desconfiando nessas minhas aventuras - e durante as reflexões que sucediam o fim de cada uma delas - de que amor é mesmo aquilo a que a gente dá o nome de amor. Se nasce de um olhar, um beijo, ou um contrato, isso quem sabe é quem sente, e ninguém pode jamais dizer que um ou outro não ama, ou não amou.

Percebi enquanto escrevia isso aqui – nada muito brilhante ou inovador, mas que aquieta por ora minha ânsia por explicações – que amor não é pra pensar, muito menos pra explicar, amor é mesmo pra sentir! E ponto final.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

ai, palavras...

acabo de achar uma razão de ser presse blog (eu disse que conseguia)! Vou colocar aqui pensamentos (meus ou não), idéias, opiniões, sentimentos, palavras quaisquer. Ainda não decidi sobre a publicidade dessas ‘palavras’, mas a mera sensação de estar sendo ouvida – ou lida, nesse casso - basta. É isso, um espaço pra falar comigo mesma e, quiçá, com quem mais interessar. 

e pensando em palavras, lembro-me, mais uma vez, de Cecília Meireles!

Nunca eu tivera querido Dizer palavra tão louca Bateu-me um vento na boca E depois no teu ouvido Levou somente a palavra Deixou ficar o sentido

[...]

mais sobre palavras, mais dela...

Ai, palavras, ai, palavras, que estranha potência, a vossa! Ai, palavras, ai, palavras, sois de vento, ides no vento, no vento que não retorna, e, em tão rápida existência, tudo se forma e transforma!

Sois de vento, ides no vento, e quedais, com sorte nova! Ai, palavras, ai, palavras, que estranha potência, a vossa! Todo o sentido da vida principia à vossa porta; o mel do amor cristaliza seu perfume em vossa rosa; sois o sonho e sois a audácia, calúnia, fúria, derrota... A liberdade das almas, ai! com letras se elabora... E dos venenos humanos sois a mais fina retorta: frágil, frágil como o vidro e mais que o aço poderosa! Reis, impérios, povos, tempos, pelo vosso impulso rodam... Detrás de grossas paredes, de leve, quem vos desfolha? Pareceis de tênue seda, sem peso de ação nem de hora... [...]

Ai, palavras, ai, palavras, que estranha potência, a vossa! Éreis um sopro na aragem... - sois um homem que se enforca!

um dos meus preferidos... 
dentre muitos outros que não vou colocar aqui por enquanto... 
afinal de contas isso daqui era pra ser meu, e não da Cecília!

domingo, 14 de dezembro de 2008

é...

procurava palavras de alguém, já que as minhas me andam fugindo.
por incrível que pareça, às vezes também eu me pego sem ter muito mais o que dizer.
por ora, deixo Cecília (!) fazer as honras, mas mesmo ela, bem mais íntima das palavras, foi sucinta.
"Aprendi com as Primaveras a me deixar cortar para poder voltar sempre inteira."

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

au début...

havia de começar de alguma forma.
nunca soube muito o que fazer com um blog,
mas nessas férias descubro!
au revoir!