terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Vicky Cristina Barcelona e o amor

Provocada pelo tema do filme de Cristina em Vicky Cristina Barcelona, sobre o porquê da dificuldade em definir o amor, resolvi escrever. Não que o assunto seja inédito, Camões já me havia feito ter essa mesma reflexão com “é um não sei quê, que nasce não sei onde, vem não sei como e dói não sei porquê.”, sendo, na minha humilde opinião, a perfeita definição do indefinível.

Bom, se Camões não foi capaz de definir o amor, paro por aqui nas tentativas. Então comecei a pensar em o que eu penso do amor. Foi quando me dei conta de que eu mesma já dei ao amor muitos significados diferentes, e que estes variavam, quase que invariavelmente, de acordo com o tempo. Vamos pular a parte de dizer que há amor de amigo, de mãe, pai, filho, cachorro, etc. Preciso mesmo saber mais do amor entre homem e mulher, é esse que me intriga – pra não dizer que irrita.

Enfim, lembrando das minhas próprias experiências, houve o tempo em que pra mim, o amor nascia e morria pelo beijo. Achava que naquele juntar de bocas e corpos ficava todo o sentimento que diziam ser o tal do amor. Pensando assim, como pensava, realmente amei meu primeiro namoradinho, da escola.

Algum tempo depois, descobri algo um pouco maior. Foi o tempo em que o amor era a posse, ter alguém, e ser de alguém. E se uma das duas partes não cumprisse o ‘contrato’, ou seja, se se desse ao ‘luxo’ de ser de outro, ainda que por um momento breve, o contrato era extinto e acabava o amor.

Mais pra frente então, descobri a inadimplência (!), e vi logo que o amor não dependia muito do tal contrato e muito menos do seu cumprimento... a afirmação do compromisso era mera formalidade desse sentimento nada solene.

Depois disso descobri formas mais fugazes de amor. E descobri mesmo, que o amor depende de cada qual, que assim como a dor, o amor é de quem sente. E mais ainda, descobri que o tal compromisso, era nada perto do sentimento. Afinal, podia-se contratar, comprometer-se com um, e sentir o tal do amor com outro? Que droga de sentimento é esse, então?

Em tempos de revolta (que vão e voltam) pensei que o amor não existia. Mera criação de românticos e sonhadores poetas que só fazia sentir mal, por não sentir o amor, o tal (rimei em homenagem aos poetas!).

Aí pensei (e dessa vez achei que tinha encontrado o que procurava) que o amor só existe se for recíproco. Pra ser sincera, salvo algumas falhas das quais falarei já já, essa teoria era das boas, e ainda gosto dela. Afinal, o amor é feito de dois, e se um não sentir como o outro, o amor é mera paixão não-correspondida, qualquer outro sentimento que tenha qualquer outro nome, mas não amor.

Um belo dia, descobri algo muito interessante! O famoso amor à primeira vista! Que sensação! Apesar do quê, não posso jogar fora aqui todo o tempo despendido em pensamentos sobre o amor! Se era à primeira vista, se não havia sequer troca de palavras, um toque, não poderia ser amor! Mas qualquer que seja o nome disso, só sei de uma coisa, é incrível! E um olhar pode dizer muito. Talvez o olhar não seja mesmo capaz de amar, mas que ele pode muito bem começar tudo, ah, isso pode!

Foi então que experimentei o que acho ser o mais próximo da idéia de amor que me ensinaram por aí (se é que isso se ensina). Até hoje faltam-me palavras pra dizer do que foi. Algo muito próximo de um conto de fadas, é como eu gosto de chamar. Então percebi que no amor (esse que eu sentia) tinha também companheirismo, paixão, cuidado, segurança, respeito, admiração e altruísmo, entre outros. Seria então o amor um complexo de sentimentos? Complexo! É, talvez seja por isso que é tão difícil de encontrar, afinal, se falta algum dos muitos sentimentos partes do amor, deixa de ser amor, certo? Essa também não é das piores.

Aí esse amor, complexo e completo, passou de conto de fadas a filme triste, pois não pôde ser. Foi quando descobri que o amor não move montanhas! Muito bonita a metáfora, mas as montanhas de verdade? Não move, não! Lembrei-me agora que no filme que incitou toda essa falação, em algum momento, alguém diz que “amor romântico é o não realizado”. É, vá lá.

Descobri também que o amor muda! Agora mais essa! Sentimentozinho atrevido! Muda sim... pode diminuir, aumentar... passar de amor de amigo pra amor de homem-mulher, e vice-versa (sendo as duas mudanças bem comuns, pelo que pude observar). E pode até mudar devido à perda de um daqueles elementos... pode perder a paixão, e continuar como carinho e respeito! Então talvez não precise de todos os elementos... ou precise deles todos pra ser amor dos bons. Agora inventei até níveis diferentes de amor... o que também não está de todo errado! Existe mesmo amores diferentes em quantidade e qualidade... ai, que canseira!

Depois disso passei de novo pela fase do amor inventado, depois a do amor recíproco mais uma vez.

E falando no amor recíproco, vem aí a falha de uma das minhas melhores teorias: um dia senti algo que chamei de amor, e, pro meu desespero, não era recíproco! Se bem que a minha tese pode ser bem verdade, porque posso chamar de outro nome o que senti, e então validaria minha teoria. Mas eu chamei de amor!

A partir disso chego então hoje à conclusão (provavelmente temporária), e da qual já vinha desconfiando nessas minhas aventuras - e durante as reflexões que sucediam o fim de cada uma delas - de que amor é mesmo aquilo a que a gente dá o nome de amor. Se nasce de um olhar, um beijo, ou um contrato, isso quem sabe é quem sente, e ninguém pode jamais dizer que um ou outro não ama, ou não amou.

Percebi enquanto escrevia isso aqui – nada muito brilhante ou inovador, mas que aquieta por ora minha ânsia por explicações – que amor não é pra pensar, muito menos pra explicar, amor é mesmo pra sentir! E ponto final.

6 comentários:

Anônimo disse...

oi amiga, isso tudo por causa do filme? acho q foi além...
acho até q essas reflexões vc fez nesse fim de semana pouco movimentado kkk, já conseguiu achar uma resposta? Pra mim Camões tem sempre razão "Amor é um fogo que arde sem se ver" eu q nunca tenho kkkk

Anônimo disse...

Conclusões nunca virão ne?
esse é um tema escrito por gerações e gerações por séculos e séculos por poetas, músicos e pessoas normais(não que vc esteja inserida neste...pode estar tranquilamente nos outros dois=)).
Mas a forma com que vc se comportou durante o texto foi excelente, parecendo mais uma conversa do que um texto=)

Parabens flor
O futuro te aguarda
Te amo( num precisa fazer um texto sobre esse aqui não, pq quem tá sentindo sou eu ne?)

Felipe Vargas disse...

aplausos de pe para voce!


Putz, amor, que assunto mais, mais, mais, sei la como deifinir.. rsrsrs

depois de conversas e conversas, com outros questionadores, filosofos e malucos interessados no assunto, cheguei a conclusao que muitos precisam amar, mesmo que seja um amor nao correspondido, que sem ele o resto que perdido e desconexo, ai acho que surge da necessidade o amor, e nisso a pessoa se perde entre oque eh o amor e a ilusao, eu nao tenho definicao para tal, entao pode ser que a ilusao nao seja ilusao e sim amor naquele momento, pois esta de alguma maneira fazendo bem aquela pessoa, como vc disse num exato momento vc chamou um certo sentimento de amor, que podeira se chamar de outra maneira.
Que confusao neh?! sendo amor de contrato, amor de aluguel, amor reciproco, ou a primeira vista, ou tantos outros amores que possam existir, vale eh o que se sente!!

=]

Anônimo disse...

Deu saudade das nossas conversas, das teorias e do nosso país, onde tudo era como deveria ser!

E o amor platônico?! Ele existe na minha rotina e manda lembranças de vez em quando...!

;**

Unknown disse...

já te disse que vc foi genial no texto e que concordo com todas as palavras escritas nele...
adoreei! =*

Anônimo disse...

muito bom o texto, lara!
eu acredito nas diversas formas de amor e diversas formas de sentir o amor. concordo que seja indefinível, mas, afinal, como a propria cristina disse: pq que a gente tem mania de querer definir e/ou rotular td?
me contento com a minha forma de descobrir se um sentimento é ou nao amor. se eu consigo me imaginar com uma pessoa pro resto da minha vida - mesmo que qndo nao estou amando acho isso uma tolice enorme - , então, pra mim, é amor.
sempre funciou comigo e essa espécie de auto-conhecimento me fez tomar muitas atitudes sensatas, racionais e até malucas ao longo do tempo e dos meus relacionamentos.


alias, love u, xuxu.
as vezes parece que vc se esquece disso. ultimamente só tem se aproximado pra dar broncas.
saudades de vc.